Dentro da escola filosófica Advaita Vedanta, o conceito de maya é muitas vezes comparado através do clássico exemplo da corda e da cobra, considerando a hipótese de uma corda ser confundida com uma cobra no escuro. Tal como esta ilusão é destruída quando a entidade da corda é revelada, similarmente Maya é destruída quando se percepciona Brahman através do conhecimento transcendente. Esta ilusão é o resultado dos dois poderes de avidya (não sabedoria/ignorância) com o nome de Avarana Shakti e Vikshepa Shakti. Em primeiro lugar a corda é obscurecida ou coberta pela escuridão: este fenómeno é criado por Avarana Shakti. Em segundo lugar, o objecto ilusório (a serpente) é projectado por Vikshepa Shakti. Deste modo, Avarana Shakti é o poder de dissimulação e Vikshepa Shakti é o poder de projecção. No entanto, a corda é o substrato da ilusão. No processo de ilusão, a corda fica aparentemente transformada em cobra. No Advaita Vedanta todo o Universo é uma aparente transformação do substrato de Brahman, e não uma real transformação. De acordo com as escolas realistas, como a escola de Ramanuja (teólogo, filósofo, poeta e escritor hindu, famoso por apresentar um comentário alternativo ao advaita de Shankara), Brahman é realmente transformado no universo. Esta transformação real é tecnicamente chamada de “vikara”. Mas, de acordo com o advaita, a transformação de Brahman é apenas aparente e é chamada de “vivarta”. No Shvetashvatara Upanishad, é afirmado que o poder de Deus está escondido dentro dos seus próprios efeitos (Devatmashaktim e Svagunairnogudham). E Deus não é senão Brahman com o complemento de limitação Maya, que tem uma preponderância de Sattva Shuddha (a mais alta elevação do guna sattva). O poder pelo qual o universo é criado, é a Vikshepa Shakti de Avidya (ignorância). Do ponto de vista da sua Upadhi (limitação/imposição), Brahman é também a causa material do mundo.
Hugo Abecassis